Quando o SER se revela
Desvelação acontece
Mostra-Se
Encarna-Se
Para quem, quando e de que forma?
Destinatários compreendem o Mistério
Os do Oriente prestam homenagem
Profecia se faz Carne
Espera, confiança - advento
Preparação de quem crê no Anúncio
Realização - NATAL
Epifania da Esperança que é Deus-Criança
O amor à Sabedoria(sagesse) ou Sophie é o compartilhar da vida pela crônica ou poesia. É o espaço para o café ou para a tenda, onde a arte flui, a partilha acontece. Cria-se e recria-se no diálogo filosófico de amizade. Além do momento estético, o da episteme (conhecimento).Acolhidas/os, vamos, também, comer e beber na fonte da Palavra, que se fez carne e habita entre nós.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
O Menino e o chiclete
Era uma vez um menino que apreciava chicletes. Ele gostava dos chicletes de todas as cores. O nome dele era Clis. Ele gostava de assistir TV e adorava filmes! Clis era muito estudioso. Muitas vezes ele fazia o dever de casa sozinho. Tinha um quarto só para ele, com televisão e DVD.Também gostava de computador.
Clis gostava muito do Papai-Noel e resolveu lhe pedir de presente de Natal uma moto. Para sua surpresa, papai Noel realizou seu pedido e trouxe a moto. Clis estava viajando e chegara de viagem no dia do Natal, 25 de Dezembro. Sua casa estava fechada, mas Papai Noel entrou pela janela, pois sua mãe tinha deixado a porta aberta. Como Papai-Noel gostava de gritar Hô! Hô,Hô! Assim ele fez, chegou com suas renas, em seu trenó, deixou a motinha e saiu feliz gritando: Hô! Hô,Hô!
Para espanto e felicidade de Clis, ao entrar em sua casa, encontrou aquele lindo e enorme presente. Era a primeira vez que era presenteado pelo Papai-Noel.
Clis era um garoto meigo e educado, obediente e sincero. Ele aprendeu desde cedo que quem mente cresce o nariz. Adorava ouvir histórias e seu pai e sua mãe se habituaram a ler historinhas para ele até quando ele aprendesse a ler.
Clis não tinha irmãos, mas tinha amigos e uma família grande. Ele teve que aprender desde pequenininho a sair do seu quarto para hospedar uma visita; a deixar seus amiguinhos brincarem com os seus brinquedos.
Certo dia, quando chegou uma visita em sua casa, Clis resolveu mascar um chiclete. Pegou a caixinha de chicletes, a visita olhou para ele, pois também queria um chiclete e ele logo afirmou: só tem um! O pai de Clis insistiu para que ele dividisse o chiclete. Mas a noção de matemática de Clis já era boa o suficiente para ele responder: se eu der um pedaço, o meu vai diminuir! E o pai respondeu isso é verdade, mas mesmo assim você pode dar!
Naquele momento Clis não sabia que estava sendo convidado a partilhar. Talvez ainda nem soubesse do significado dessa palavra. Partilhar é dar do que nos faz falta. É também dar o que está sobrando, mas quando damos para o outro aquilo que vai diminuir o nosso, ou mais, quando damos para alguém e não ficamos com nada, isso é partilha, é generosidade.
Clis, o menino que gostava de chiclete, quando deu a metade do seu chiclete para a visita tinha noção de divisão, no sentido matemático, só não sabia que quando dividimos somamos. Isso deve ter sido muito difícil para um menino como o Clis que só ia completar cinco anos. Deve ter se interrogado: Que estória é essa de dizer que quando dividimos somamos? Era necessário contar a Clis que Jesus quando fez o milagre da partilha, Ele só conseguiu porque, todos os que estavam presentes resolveram partilhar o que tinham. Esse foi o milagre da partilha, dividiram os pães e os peixes e puderam distribuir para todos. E foi então quando o menino que gostava muito de chiclete e que nunca tinha dividido um chiclete aprendeu a partilhar.
Clis gostava muito do Papai-Noel e resolveu lhe pedir de presente de Natal uma moto. Para sua surpresa, papai Noel realizou seu pedido e trouxe a moto. Clis estava viajando e chegara de viagem no dia do Natal, 25 de Dezembro. Sua casa estava fechada, mas Papai Noel entrou pela janela, pois sua mãe tinha deixado a porta aberta. Como Papai-Noel gostava de gritar Hô! Hô,Hô! Assim ele fez, chegou com suas renas, em seu trenó, deixou a motinha e saiu feliz gritando: Hô! Hô,Hô!
Para espanto e felicidade de Clis, ao entrar em sua casa, encontrou aquele lindo e enorme presente. Era a primeira vez que era presenteado pelo Papai-Noel.
Clis era um garoto meigo e educado, obediente e sincero. Ele aprendeu desde cedo que quem mente cresce o nariz. Adorava ouvir histórias e seu pai e sua mãe se habituaram a ler historinhas para ele até quando ele aprendesse a ler.
Clis não tinha irmãos, mas tinha amigos e uma família grande. Ele teve que aprender desde pequenininho a sair do seu quarto para hospedar uma visita; a deixar seus amiguinhos brincarem com os seus brinquedos.
Certo dia, quando chegou uma visita em sua casa, Clis resolveu mascar um chiclete. Pegou a caixinha de chicletes, a visita olhou para ele, pois também queria um chiclete e ele logo afirmou: só tem um! O pai de Clis insistiu para que ele dividisse o chiclete. Mas a noção de matemática de Clis já era boa o suficiente para ele responder: se eu der um pedaço, o meu vai diminuir! E o pai respondeu isso é verdade, mas mesmo assim você pode dar!
Naquele momento Clis não sabia que estava sendo convidado a partilhar. Talvez ainda nem soubesse do significado dessa palavra. Partilhar é dar do que nos faz falta. É também dar o que está sobrando, mas quando damos para o outro aquilo que vai diminuir o nosso, ou mais, quando damos para alguém e não ficamos com nada, isso é partilha, é generosidade.
Clis, o menino que gostava de chiclete, quando deu a metade do seu chiclete para a visita tinha noção de divisão, no sentido matemático, só não sabia que quando dividimos somamos. Isso deve ter sido muito difícil para um menino como o Clis que só ia completar cinco anos. Deve ter se interrogado: Que estória é essa de dizer que quando dividimos somamos? Era necessário contar a Clis que Jesus quando fez o milagre da partilha, Ele só conseguiu porque, todos os que estavam presentes resolveram partilhar o que tinham. Esse foi o milagre da partilha, dividiram os pães e os peixes e puderam distribuir para todos. E foi então quando o menino que gostava muito de chiclete e que nunca tinha dividido um chiclete aprendeu a partilhar.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
BANHO D’ÁGUA
Submergir a realidades sensórias,
Ao frescor da água gelada de um rio.
Águas passam, correntezas levam.
Força d’água, carrega e lava, resfria e cura. Faz repensar!
Mergulhar no frio, deixar passar.
Resfriar-se e aquecer-se!
Ao frescor da água gelada de um rio.
Águas passam, correntezas levam.
Força d’água, carrega e lava, resfria e cura. Faz repensar!
Mergulhar no frio, deixar passar.
Resfriar-se e aquecer-se!
domingo, 26 de setembro de 2010
ANIVERSARIAR
Festa de Vida e de gratidão de Presenças. Presença maior: a dEle que me criou e me mantém firme na fé e se manifesta também nas pessoas.
Agradecer com festa, risos, cores e pessoas amantes e amadas. Sentir e perceber o carinho, a dedicação e o amor com que cuidam de cada detalhe.
Aniversariar! Oportunidade para convidar "amigas e vizinhas", assim como na parábola da Moeda Perdida, no Evangelho. Preparar, chamar e acolher para a celebração todas as pessoas que fazem parte do convívio, agradecendo pelo bem precioso encontrado.
A vida, o bem precioso que se celebra no dia do aniversário. Existe bem maior?!? Com ela desfrutamos de todos os tesouros. São tantos! Tesouro vocação, tesouro família, tesouro fraternidade, tesouro amizade...
Cresci esperando que as pessoas lembrassem o meu aniversário e quando isso não acontecia, ai que dor, que tristeza e decepção. Mas cresci e quando se fica "grande", a simplicidade da criança nos deixa mais leve. Aprendi, então a dizer. A criança simples ela diz as coisas, o que quer, o que sente... Como a Ana Caroline que quando me entregou o presente, afirmou: é uma roupa! e todos riram. É isso! A gente tem que dizer para as pessoas que é nosso aniversário, chamá-las para rirem conosco. Ficar feliz! Sorrir com a festa no rosto. Dizer que é o dia que o Criador me gratificou com a Vida e que dela Ele cuida. Presenteia-me com saúde, felicidade e pessoas que me amam e as quais amo. Obrigada pela festa da Presença!
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
FUGACIDADE
É compreensível nos distanciarmos de pessoas que não nos fazem bem, que nos maltratam ou que não são capazes de nos compreender a contento. Seria ainda aceitável nos afastarmos de pessoas com as quais não temos afinidade ou ainda que nos “disseram” sermos demais em suas vidas ou... Mas, por que será que descartamos pessoas que nos embalaram, que escutaram e sentiram na pele as nossas feridas; que nos protegeram em noites escuras e partilharam conosco do seu pão-vida? Por que algumas pessoas permitem que o ódio e o ressentimento falem mais alto que o amor, deixando um erro se sobrepor a muitas generosidades dispensadas?
Quem é meu amigo? Aquele que me diz somente o que quero ouvir, com voz mansa ou aquele que, também, “grita” alertando, antes que eu caia no precipício? Parece pretensão dizer isso, mas poucas pessoas têm a capacidade de se recuperarem do susto de terem escutado o grito que vetorizava sobre o abismo. A reação possível de indignação e de afastamento, repetindo, para si e para os outros que a advertência é improcedente, conferem-lhe motivo para continuarem a ruminar seus ressentimentos.
Para muitas, é agressivo demais serem alertadas, talvez por que a prática da reflexão na escuta de si mesmas fora desenvolvida de forma torta. Provavelmente se acostumaram a ouvir somente o que lhes agrada e o contrário soa como agressividade.
Segundo Pe. Joãozinho,scj, dentre as qualidades do líder amoroso, a capacidade de perguntar e escutar faz a grande diferença. Isso é muito desafiador, pois quando perguntamos devemos estar dispostos a escutar e nem sempre o que ouvimos é agradável aos ouvidos. Caberia outra questão, aquela de que cada pessoa tem o direito de errar, de fazer seu próprio caminho. Portanto, não seria necessário alguém lhe advertir sobre as perdas iminentes. Isso também é muito salutar! Contudo, vamos continuar discorrendo sobre as relações passageiras “sem justa causa”, ou melhor, por qual causa?
Sobre a fugacidade dos relacionamentos aprendi, com a experiência, que quando descartamos pessoas que foram generosas conosco é porque(dentre outras possibilidades) falta o treino de superação de conflitos, o exercício do olhar de quem sabe filtrar ou mensurar positivamente com a seguinte indagação: “ O mal que essa pessoa me fez é maior que o bem que ela me fez?” Ou ainda, é algo recorrente, está repetindo os mesmos erros e não demonstra possibilidades de mudanças? E aquela questãozinha básica: o ódio, o orgulho, paralisam-me e deixo que se sobreponham ao amor e até às boas maneiras?
Outra prática comum é a de se habituar a esperar que o outro dê o primeiro passo. A máxima evangélica de que devo ir ao encontro do outro para perdoá-lo quando foi ele que errou, não tem força alguma para pessoas que estão sempre esperando a iniciativa dos outros.
Tenho constatado que a perseverança dos relacionamentos tem a ver com a prática da compaixão. Já refletiu sobre isso: Quando você ama verdadeiramente alguém é capaz de deixá-lo sofrer com a sua ausência e sem o seu perdão? Não dói em suas entranhas saber que a outra pessoa está sofrendo por falta de um movimento seu, de uma conversa, de compreensão?
A compaixão, no sentido bíblico, é o sentimento que parte das nossas entranhas, onde se encontra também o coração. Ela nos inquieta com a dor do outro e nos convida para a ação. Você conseguiria se imaginar amigo/a de alguém que não fosse capaz de se compadecer com o seu sofrimento, de dar passos para reestabelecer a relação?
Tem outro aspecto importante? Já parou para refletir que há valores fundamentais para as pessoas que você ama que se você minimizar, trinca a relação?
Há várias possibilidades que tornam as relações frágeis. Os reveses da vida nos ensinarão que deveremos “correr” para não deixarmos que pessoas, que de fato fazem a diferença em nossas vidas, não se dispersem com o tempo. Todavia, quando somos deixados para atrás por alguém que se assustou com a advertência que lhe fizemos e que tampouco aceitou desculpas, a sabedoria de deixarmos que o tempo resolva, nos ajuda ao exercício de outra forma de relação, a da comunhão, esperando que o melhor lhe aconteça.
Perder pessoas por não ter exercitado o filtro e a mensuração positiva pode nos legar "uma lista de amigos": “Faça uma lista de grandes amigos[...]Quantos amigos você jogou fora?” ( A Lista - Oswaldo Montenegro).
Segundo a sabedoria popular, as verdadeiras amizades não passam. Deixemos que o tempo se encarregue de demonstrar aquelas que são fulgazes.
Segundo a sabedoria popular, as verdadeiras amizades não passam. Deixemos que o tempo se encarregue de demonstrar aquelas que são fulgazes.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Certezas?
Tenho pensado sobre o quanto necessitamos de respostas, de caminhos abertos e de clarezas.Refletido o quanto nossa sociedade ocidental difundiu um racionalismo que tudo pretende: prever, julgar, afirmar.
Conheci, com um professor, sobre desconstrução e, com um outro, sobre redescrição. Termos ricos que pretendem des-preconceituar. Construção, descrição e precompreensão. Pretensões modernas de verdades cuja noção racionalista limita, ao mesmo tempo que reforça concepções equívocas.
No campo humano, o fenômeno que aparece é o que aparece como tal. Sei aquilo que vejo, conheço a pessoa que se apresenta a mim. O que está por trás do véu, a ser desvelado, com o tempo, muitas vezes, nem mesmo a própria pessoa conhece ou conhece equivocadamente.
E quando a pessoa se protege? Muda “de cor ” para não ser vista naquilo que é. E se perceber que é amada com “aquela cor” que esconde sua essência?
Se você ouvisse alguém emitindo um juízo prévio sobre outrem, descontextualizadamente, não lhe ocorreria que poderia fazer a mesma coisa com você? E caso fosse sobre algo que você vivencia, não teria receios em se revelar, a tal pessoa, afim de não ser julgado, também, previamente?
Portanto, duas imbricações. O que está posto, construído, descrito, enquanto compreensão, que conduz a afirmações antecipadas, com grandes probabilidades de erros e, se tivesse que ser descrito, se escreveria um grande ponto de interrogação. E a outra perspectiva, aquela passível de novos caminhos. Pois, se você descobrisse verdades sobre você que podem ser refeitas, reconstruídas, redescritas, fechar-se-ia a isso?
Certezas de incertezas, horizontes a serem alcançados. Tantas, mas tantas, verdades que não conhecemos, de nós, dos outros, da vida, do infinito.
E com a fé que me embala só tenho uma certeza, a de que tenho incertezas. Ele, o maior, que consegue me preencher e me dar serenidade, diz-me que a vida é assim mesmo, feita de humildade.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
FELIZ ANIVERSÁRIO!
Poemas, poesias, crônicas ou músicas. Procurava Palavras que expressassem você. Única, sim. Especial, como poucas que deixam seu rastro na história.
Aniversariar, poetizar a vida de quem é sinfonia da alegria, do cuidado e harmonia.
Cantar parabéns para uma vida de amor, de doação, de dedicação e otimismo. Fazer de sua festa de aniversário a celebração da Vida. Agradecer ao Criador que fez de você joia fina e rara. Reconhecer que escolheu o melhor. Que se porta como discípula, que escuta e responde ao Senhor.
Festejar a escuta que está em você. Alegria que brilha no seu olhar. A compreensão que baila em suas atitudes. A mulher dos dias atuais, a consagrada ao Senhor que não se prende ao tempo e espaços e que, sempre, reinventa, cria, planta, colhe e celebra.
Se tivéssemos que pintar um quadro que significasse você, quais cores escolheríamos?!? Existe alguma dúvida? As cores do Brasil. E se fosse para falar da Natureza, qual criatura de Deus elegeríamos? Passaros!
Passarinhos, plantas, rosas, flores, perfumes. Hum que cheiro de perfume! Odor que dá sabor à vida! E aquela bebidinha cor-de-rosa que lhe dá energia e lhe impulsiona a colocar o chapéu na cabeça e sair(guaraná Jesus).
Realidade. Isso também é você! Dá uma voltinha rápida e visita um doente, anima os tristes, se alegra com as crianças e termina indo à quitanda!
Quem é você afinal? Não é tão fácil responder! Existem segredos, os mais profundos que habitam o coração de uma mulher que busca o eterno.
A confiança e a esperança foram plantadas no seu jardim, onde se colhe tanto!
Não esqueçamos, porém, que você também gosta de colher. Gosta de beber da alegria, de colher os frutos de plantios regados com cuidado e na melhor das intenções. O Senhor sabe muito bem disso e lhe proporciona a abundância da Festa! Por isso, neste seu aniversário, assim como o salmista que diz: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus, por tudo aquilo que Ele fez em meu favor”, nós, elevamos a taça, fazemos o brinde e lhe desejamos
FELIZ ANIVERSÁRIO!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
O cuidado como relação de alteridade
Em tempos de celebração da amizade, lembrei-me de alguém que me foi próximo durante alguns meses. Foi-me próximo, enquanto significação de próximo, no Evangelho, que coincide com a do Filósofo Emmanuel Lévinas. Dois próximos, aquele que é próximo, porque agradável e com o qual se tem vínculos de amor/amizade e o próximo distante, com o qual não se tem vínculos afetivos, mas responsabilidade, pelo outro que me afeta.
Dois rostos! Tanto no sentido bíblico quanto no da ética levinasiana, lançam-me para a alteridade, para a relação com outrem, diferente, mas próximo de mim.
Curioso como a relação de proximidade com alguém pode mudar. As vezes somos obrigados, e nem sempre escolhemos isso, a deixar de ser o próximo amigo/amante para sermos próximos fraternos ou próximos responsáveis.
Quando se é próximo por afinidade, na alegria e no compartilhar da vida, a relação é prazerosa. Tudo que se faz é espontâneo, gratuito, e de fato, não o fazemos esperando méritos. Se o outro está caído, e percebemos em seu olhar o desespero, o grito de pedido de amparo, estremecem nossas entranhas e nos compadecemos. Damos o nosso tempo, o que temos de nós mesmos e até conclamamos outras pessoas para nos ajudar, quando não conseguimos levantar sozinha aquela pessoa. Saber que a pessoa está cuidada, na hospedaria, tratando as feridas... Isso é o bastante! Não tem vaidade nem interesses pessoais, somente a alegria de que o outro fique bem, mude da condição de caído, ferido, à margem da estrada, para a de cuidado e em reabilitação.
Quando se é próximo distante. O que fazemos é por responsabilidade, por sermos afetado pelo Outro, digno de direitos e que se encontra à margem. E aqui possibilita horizontalizar dois conceitos de próximos: o de quando cuido por amor, sem receber recompensas, e o de cuidado por responsabilidade, simplesmente porque o Outro, o meu próximo necessita de mim. Esse Outro/Próximo é também digno de direitos e qualquer cuidado que lhe dispensar, tanto em Jesus como em Lévinas, não terei feito mais do que minha obrigação.
Eis, portanto, um desafio ético: Cuidar! Independente do Outro/Próximo ser distante ou não.
Na responsabilidade, aprendemos a cuidar do Outro próximo e distante. E quando um alguém que nos foi próximo e se distanciou, por opção, aprende-se a arte do cuidado por responsabilidade. Essa pessoa é digna, se não mais como amiga, agora, como “Outro”, do meu cuidado. E percorro outros caminhos para continuar cuidando.
Na amizade, a reciprocidade nos lança para cuidados, também, próximos e distantes. Há tempos e relações diferentes. Aquelas que se esvaíram e aquelas que nos certificam que estão sempre lá. Amizades eternas!
Por isso, neste 20 de Julho, a você amiga/amigo, que tem sido cuidado em minha vida e de quem cuido ou descuido, agradeço-lhe por esse amor/amizade, por me amar e me compreender e por ser para mim, bálsamos e hospedarias.
Continuemos insistindo como aprendizes da alteridade. E que Ele o mestre da amizade e do cuidado do Outro nos conduza nos caminhos e descaminhos da vida. Feliz dia da Amizade!
quinta-feira, 8 de julho de 2010
VAGA-LUMES
A noite preanuncia e começam aparecer os luzeiros naturais. Uma luzinha aqui, outra ali... Eram eles, os vaga-lumes! Há quanto tempo não os via! Não me dava a chance de percebê-los. E, de repente, eu rezava, à luz-escuridão. Luz no escuro, alegria no final do caminho - vaga-lumes!
Aquelas luzinhas contrastando com o turvo, vetorizando claridade e noite.
Pequeninos, mas que fachos, tão visíveis na ausência da luz!
E eu os via porque, circunstancialmente, me permitia. Concedia-me o tempo, abria os olhos e aguçava os ouvidos. Apreendia-os como graça natural para iluminar a realidade.
Prodigalidade divina em criaturas que pontuam o caminho e apresentam o contraste noite-luz.
Maravilhosa graça! Eram apenas, mas sobretudo, os vaga-lumes. Acolhiam-me para refletir sobre os contrastes.
Aquelas luzinhas contrastando com o turvo, vetorizando claridade e noite.
Pequeninos, mas que fachos, tão visíveis na ausência da luz!
E eu os via porque, circunstancialmente, me permitia. Concedia-me o tempo, abria os olhos e aguçava os ouvidos. Apreendia-os como graça natural para iluminar a realidade.
Prodigalidade divina em criaturas que pontuam o caminho e apresentam o contraste noite-luz.
Maravilhosa graça! Eram apenas, mas sobretudo, os vaga-lumes. Acolhiam-me para refletir sobre os contrastes.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Jovens Adultas
Lindas! Têm princípios, arte e amor. A dedicação e responsabilidade fazem parte de seus atos. São jovens que vislubram novos horizontes. Olham para além do real, buscam outras paragens. Têm no coração o amor; no pé, a dança e luta e na cabeça, o ideal de felicidade. Tão jovens e tão lutadoras!
terça-feira, 22 de junho de 2010
PESSOAS "CIRCULARES"
Há pessoas que são circulares, não por que andam em círculo, mas porque egóicas, circulam em torno de si mesmas. As circunstâncias de outrem são as suas, não por fazerem recíproca, mas quando a outra pessoa faz o que lhes apraz.
É uma relação comercial, de lucro? Na realidade, haver saldo positivo na relação é o mais importante para quem comercializa a mesma. As escolhas que a outra pessoa faz e, nesse caso, até a vocação, gera déficit, posto que é uma ameaça para a sua "circularidade".
Seria algo como: olhar na vocação de alguém as perdas "comerciais" que tal vocação causou para essa pessoa. Pior ainda é quando a questão vocação representa um sonho interrompido, o que desperta ainda mais a vontade de querer que a vocação de outrem fracasse, como a sua, que não foi levada a termo.
Quando uma pessoa que comungou e compartilhou de nossa vida nos expõe publicamente, não consegue mais do que mostrar sua falta de caráter e atrair, para si, a desconfiança das pessoas que a ouvem, porém não lhe dão crédito.
É uma relação comercial, de lucro? Na realidade, haver saldo positivo na relação é o mais importante para quem comercializa a mesma. As escolhas que a outra pessoa faz e, nesse caso, até a vocação, gera déficit, posto que é uma ameaça para a sua "circularidade".
Seria algo como: olhar na vocação de alguém as perdas "comerciais" que tal vocação causou para essa pessoa. Pior ainda é quando a questão vocação representa um sonho interrompido, o que desperta ainda mais a vontade de querer que a vocação de outrem fracasse, como a sua, que não foi levada a termo.
Quando uma pessoa que comungou e compartilhou de nossa vida nos expõe publicamente, não consegue mais do que mostrar sua falta de caráter e atrair, para si, a desconfiança das pessoas que a ouvem, porém não lhe dão crédito.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Quando Deus Chama
Ele não pergunta se tens coisas demais a deixar.
E ainda que, necessariamente, tenhas pessoas aportadas em teu cais,
Ele sabe que, se tu o seguires, mais seguras estarão ao teu lado.
Não mensura teus bens, tuas posses existenciais,
Simplesmente chama! Chama da maneira mais simples à mais comprometedora.
Talvez ainda não te deste conta das vezes que Ele simplesmente te disse: “vens comigo a minha casa!”.
Mas também, assim como o fez com a Samaritana, afirmou-te que tu ainda não havias saciado a tua sede e, à beira do poço, ofereceu-te a saciedade.
Que Sede e que poço? Sede do eterno, do pleno! Poço da cotidianidade, das circunstâncias que a ti confia.
E nas buscas de-ti-de-Deus, Ele te surpreendeu e te sorriu, dizendo-te: Encontrei-te!
Ele que primeiro te amou, que te deixou correr livre, tomou-te por inteira e te disse: Está na hora! Se estás buscando um caminho, vens! Se estás com sede, bebes!
E no Caminho que é Verdade e na Fonte que é Vida, Ele te seduziu!
Segura e confiante tu vais. Tudo podes, quando com Ele estás!
terça-feira, 8 de junho de 2010
QUANDO INSISTIMOS EM AMAR...
Quando insistimos em amar alguém que não nos ama, com a intensidade com que amamos. A expectativa de sentir que a pessoa se doe como nos doamos a ela é muito presente! Parece que quanto mais nos doamos, mais esperamos. É então que re-significamos o conceito de amor.
A máxima de que o amor é gratuito, de que se deve dar sem nada esperar é uma lógica, racional, teórica, que deve ser contextual. Quando se envolve emoções e sentimentos é espontâneo se viver na expectativa por recíproca, por troca de afeto, de manifestação. Ternura, atenção, gratidão e gratuidade são sempre bem vindos.
Amar com intensidade e se chegar à conclusão de que o outro se acostumou ou até mesmo se cansou de ser amado é uma realidade impactante que promove mudanças.
Tais mudanças são didáticas e ainda que promovam perdas e dores vêm acompanhadas de metamorfose. Metamorfosear-se, que sabedoria!
Por que manter-se preso à armadilha das emoções quando é salutar uma retirada? E apegar-se a argumentos infindos por não se ter força de fazer a passagem? Por vezes, acostumar-se a acolher as migalhas no relacionamento e ainda, ficar-se contente, pois quando não se está pronto, permanece a certeza de que o pior seria a ausência total.
Na verdade estar-se presos por um fio de esperança, pela espera da colheita do que já foi(ou não) um dia semeado, que cresceu(talvez) e até pode ter dado frutos, mas que agora, se tornou estéril.
A esterilidade na relação chega quando a recíproca, ou mesmo, o sentimento de bem-querer, deixam de estar presentes: se não amo, não me importa a dedicação do outro, e tampouco se tenho generosidade em correspondê-la.
Excesso de confiança ou de insistência podem favorecer erros de significados: da parte de quem está seguro, pensa-se que a pessoa estará sempre presente, e de quem habituou-se a doar-se, insiste-se em uma relação sem respostas porque não se pode imaginar sem ela.
Símbolos e laços se quebram. Relações se constroem e reconstroem. Nessa dinamicidade surgem conquistas e perdas. Lamenta-se ou passa-se a revalorar o que se foi, às vezes, muito tarde!
E para quem se permite mudar, o tempo, esse anestésico que cura e reconduz no caminho é um amigo fiel. Ao lado da sabedoria, percepciona que existem outras estradas, admite que a paciência é necessária e aos poucos, mas no momento certo, afirma que é tempo de partir.
Corporeidades e vivências afetivas como expressões sacro-humanas reinventam, recriam e fazem crer que amar é possível.
Conquanto, deve-se insistir que amar gratuitamente, no plano fraterno, é urgente! Mas amar reciprocamente é condição para amantes e amigos.
São Luís-MA, 28/08/09
A máxima de que o amor é gratuito, de que se deve dar sem nada esperar é uma lógica, racional, teórica, que deve ser contextual. Quando se envolve emoções e sentimentos é espontâneo se viver na expectativa por recíproca, por troca de afeto, de manifestação. Ternura, atenção, gratidão e gratuidade são sempre bem vindos.
Amar com intensidade e se chegar à conclusão de que o outro se acostumou ou até mesmo se cansou de ser amado é uma realidade impactante que promove mudanças.
Tais mudanças são didáticas e ainda que promovam perdas e dores vêm acompanhadas de metamorfose. Metamorfosear-se, que sabedoria!
Por que manter-se preso à armadilha das emoções quando é salutar uma retirada? E apegar-se a argumentos infindos por não se ter força de fazer a passagem? Por vezes, acostumar-se a acolher as migalhas no relacionamento e ainda, ficar-se contente, pois quando não se está pronto, permanece a certeza de que o pior seria a ausência total.
Na verdade estar-se presos por um fio de esperança, pela espera da colheita do que já foi(ou não) um dia semeado, que cresceu(talvez) e até pode ter dado frutos, mas que agora, se tornou estéril.
A esterilidade na relação chega quando a recíproca, ou mesmo, o sentimento de bem-querer, deixam de estar presentes: se não amo, não me importa a dedicação do outro, e tampouco se tenho generosidade em correspondê-la.
Excesso de confiança ou de insistência podem favorecer erros de significados: da parte de quem está seguro, pensa-se que a pessoa estará sempre presente, e de quem habituou-se a doar-se, insiste-se em uma relação sem respostas porque não se pode imaginar sem ela.
Símbolos e laços se quebram. Relações se constroem e reconstroem. Nessa dinamicidade surgem conquistas e perdas. Lamenta-se ou passa-se a revalorar o que se foi, às vezes, muito tarde!
E para quem se permite mudar, o tempo, esse anestésico que cura e reconduz no caminho é um amigo fiel. Ao lado da sabedoria, percepciona que existem outras estradas, admite que a paciência é necessária e aos poucos, mas no momento certo, afirma que é tempo de partir.
Corporeidades e vivências afetivas como expressões sacro-humanas reinventam, recriam e fazem crer que amar é possível.
Conquanto, deve-se insistir que amar gratuitamente, no plano fraterno, é urgente! Mas amar reciprocamente é condição para amantes e amigos.
São Luís-MA, 28/08/09
PRESENTES E EMBALAGENS
Certa vez alguém me falou que eu era um presente, um presente a ser desembalado. E eu me senti lisonjeada e feliz. Não tinha o alcance do que significaria esse processo de “desembalar”. Já havia lido mensagens sobre pessoas que são presentes e sobre diversidades de embalagens, bem como, dos conteúdos encontrados, uma vez abertas as embalagens.
A expressão desembalar um presente parece muito simples. Basta imaginar como nos portamos quando recebemos um presente. Há quem os abrem com muita expectativa e até rasgam o papel para que seja mais rápido, e quem o faz lentamente, com a preocupação de preservar o papel e observando os detalhes.
Talvez isso não tenha muito a ver com a realidade dos relacionamentos. Mas se quisermos estabelecer uma interface, poderíamos considerar que existem pessoas que abrem os “presentes” com tanta pressa a fim de conhecer logo o conteúdo e outras que o fazem devagar, apreciando cada detalhe e com cuidado para não “rasgar” a embalagem, pois consideram-na parte do presente.
Faz pouco tempo que recebi uma carta-resposta de uma pessoa que me é muito especial e que sabe apreciar o belo. Ela me dizia que “houve um tempo em sua vida que contraiu uma dívida com os envelopes e aprendeu a tratá-los com delicadeza e muito agradecida pelo que significam: eles nos trazem cartas e os rasgamos, destruímos, maltratamos como se não fossem nada.” Achei lindo alguém dar sentido ao envelope, colocando-o como conteúdo, pois afirmava que o envelope que recebeu, não trazia somente a “ minha carta, com seu escrito, vinha também com outras lembranças, que ela viu chegar, tudo bonito e bem chegado, bem recebido”.Com isso, significara o envelope também como presente.
A partir disso, ponho a questão: Presentes e embalagens têm a ver com relacionamentos? Por que uma pessoa afirmaria que a outra é um presente a ser desembalado?Devo admitir que ainda que tenha aprendido a desembalar um presente com cuidado, preservando a embalagem e a observando em seus detalhes, compreender o significado dessa frase, faz-me pensar na resistência da embalagem? Se bem pensarmos, a embalagem é, literalmente, passiva na ação. Trata-se de um objeto sofrendo a ação do sujeito que a está “descobrindo”, desembalando. A partir disso, discorremos sobre as relações intersubjetivas. Algumas pessoas se dão gratuitamente, sem reservas, outras, contudo, têm suas resistências, suas condições, seus recônditos. Não se dão a conhecer. É necessário cuidado e tempo para que se deixem "abrir".
Com base nisso, não podemos conceber o presente como objeto e em sua função de agradar. Que paradoxo? Afinal, um presente tem a função de agradar a pessoa presenteada! Ocorre que nas relações intersubjetivas a interação é sujeito-sujeito, a ação deve ser recíproca e compartilhada. Ambos se mostram, se revelam, cada qual a seu modo. Portanto, as diferenças na forma de se revelar e de apreciar o conteúdo revelado podem comprometer a beleza da relação. A pressa de quem se dá mais facilmente e que, por isso, tem tendência de exigir o mesmo de outrem, pode rasgar o “papel de presente”.
Ha que se considerar a possibilidade de que algumas pessoas se “embrulharam”. Sua embalagem é grossa, encorpada para se protegerem de “rasgões”. Talvez porque já se mostraram e não foram apreciadas ou porque se mostraram e o deslumbre por elas foi momentâneo, tendo sido tratadas como descartáveis. Talvez, nem sequer se sentiram apreciadas o suficiente para acreditarem que valia a pena continuar a se revelar, pois depois de terem mostrado o primeiro “amassado”, sentiram-se repulsadas. Há ainda as que acreditam que não serão aceitas, pois algumas experiências as fizeram crer que eram “feias” e suas embalagens se tornaram rígidas.
Com base a tantas razões que justificam resistências nos relacionamentos, tenho observado que a experiência de se sentir aceito/a como se é, sem julgamentos e, sobretudo, de se sentir amado, tem a força de mudar conceitos e atitudes. Isso me faz acreditar que o tempo é notadamente didático. Dar-se a conhecer, ser acolhido/a e acolher é exercício de compreensão e de confiança. Requer um olhar para além da aparência. Com isso, se um presente é capaz de atrair nossa atenção na “qualidade de presente” sua beleza deve nos tocar naquilo que ele tem de essencial. E nesse caso, o essencial esta para além da embalagem.
Portanto, há que se persistir em fazer o presente acreditar que não importa a embalagem e até mesmo o conteúdo. Se um presente é belo o suficiente para nos deslumbrar, “os arranjos” são somente conseqüências da beleza que nos toca.
São Luís, 31 de Julho de 2008.
A expressão desembalar um presente parece muito simples. Basta imaginar como nos portamos quando recebemos um presente. Há quem os abrem com muita expectativa e até rasgam o papel para que seja mais rápido, e quem o faz lentamente, com a preocupação de preservar o papel e observando os detalhes.
Talvez isso não tenha muito a ver com a realidade dos relacionamentos. Mas se quisermos estabelecer uma interface, poderíamos considerar que existem pessoas que abrem os “presentes” com tanta pressa a fim de conhecer logo o conteúdo e outras que o fazem devagar, apreciando cada detalhe e com cuidado para não “rasgar” a embalagem, pois consideram-na parte do presente.
Faz pouco tempo que recebi uma carta-resposta de uma pessoa que me é muito especial e que sabe apreciar o belo. Ela me dizia que “houve um tempo em sua vida que contraiu uma dívida com os envelopes e aprendeu a tratá-los com delicadeza e muito agradecida pelo que significam: eles nos trazem cartas e os rasgamos, destruímos, maltratamos como se não fossem nada.” Achei lindo alguém dar sentido ao envelope, colocando-o como conteúdo, pois afirmava que o envelope que recebeu, não trazia somente a “ minha carta, com seu escrito, vinha também com outras lembranças, que ela viu chegar, tudo bonito e bem chegado, bem recebido”.Com isso, significara o envelope também como presente.
A partir disso, ponho a questão: Presentes e embalagens têm a ver com relacionamentos? Por que uma pessoa afirmaria que a outra é um presente a ser desembalado?Devo admitir que ainda que tenha aprendido a desembalar um presente com cuidado, preservando a embalagem e a observando em seus detalhes, compreender o significado dessa frase, faz-me pensar na resistência da embalagem? Se bem pensarmos, a embalagem é, literalmente, passiva na ação. Trata-se de um objeto sofrendo a ação do sujeito que a está “descobrindo”, desembalando. A partir disso, discorremos sobre as relações intersubjetivas. Algumas pessoas se dão gratuitamente, sem reservas, outras, contudo, têm suas resistências, suas condições, seus recônditos. Não se dão a conhecer. É necessário cuidado e tempo para que se deixem "abrir".
Com base nisso, não podemos conceber o presente como objeto e em sua função de agradar. Que paradoxo? Afinal, um presente tem a função de agradar a pessoa presenteada! Ocorre que nas relações intersubjetivas a interação é sujeito-sujeito, a ação deve ser recíproca e compartilhada. Ambos se mostram, se revelam, cada qual a seu modo. Portanto, as diferenças na forma de se revelar e de apreciar o conteúdo revelado podem comprometer a beleza da relação. A pressa de quem se dá mais facilmente e que, por isso, tem tendência de exigir o mesmo de outrem, pode rasgar o “papel de presente”.
Ha que se considerar a possibilidade de que algumas pessoas se “embrulharam”. Sua embalagem é grossa, encorpada para se protegerem de “rasgões”. Talvez porque já se mostraram e não foram apreciadas ou porque se mostraram e o deslumbre por elas foi momentâneo, tendo sido tratadas como descartáveis. Talvez, nem sequer se sentiram apreciadas o suficiente para acreditarem que valia a pena continuar a se revelar, pois depois de terem mostrado o primeiro “amassado”, sentiram-se repulsadas. Há ainda as que acreditam que não serão aceitas, pois algumas experiências as fizeram crer que eram “feias” e suas embalagens se tornaram rígidas.
Com base a tantas razões que justificam resistências nos relacionamentos, tenho observado que a experiência de se sentir aceito/a como se é, sem julgamentos e, sobretudo, de se sentir amado, tem a força de mudar conceitos e atitudes. Isso me faz acreditar que o tempo é notadamente didático. Dar-se a conhecer, ser acolhido/a e acolher é exercício de compreensão e de confiança. Requer um olhar para além da aparência. Com isso, se um presente é capaz de atrair nossa atenção na “qualidade de presente” sua beleza deve nos tocar naquilo que ele tem de essencial. E nesse caso, o essencial esta para além da embalagem.
Portanto, há que se persistir em fazer o presente acreditar que não importa a embalagem e até mesmo o conteúdo. Se um presente é belo o suficiente para nos deslumbrar, “os arranjos” são somente conseqüências da beleza que nos toca.
São Luís, 31 de Julho de 2008.
Assinar:
Postagens (Atom)