A Páscoa é seguida do túmulo. É o penhasco de Clarice Linspector: se me empurrarem de um penhasco, eu vôo. As flores de Cora, que as plantava, ao passo que colhia pedras. A Páscoa é a superação da cruz assumida por Jesus.
Qual é a minha e a sua Páscoa? Quais cruzes e esperanças de tantas pessoas que carregam a dor como cravos na carne. Que sobem montanhas e muitas vezes ficam ali, para respirar, ganhar tempo, nada fazer e refazer. Aquietar-se e prosseguir, sentir a vida ultrajada e correr, não a corrida da covardia, da acomodação ou da alienação. Voar, ultrapassar barreiras do tempo e do espaço.
Conhecem os túmulos, sobem as montanhas, voam e ganham tempo, pessoas que vivem as noites escuras, que formulam as sete moradas, que aprendem a enfrentar a morte.
Che afirma que não se pode perder a ternura, ainda que endurecidos. Em direção ao sol, como Platão, como Jesus. Ressuscitar com Ele é o exercício constante de não deixar que nos matem injustamente. Ter ousadia para demonstrar que somos da luz, a ela pertencemos, por ela lutamos. Que o Sol-Esperança faça da Páscoa a PRESENÇA que diz de nós vivos. Sim, é Páscoa!